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domingo, 6 de junho de 2010

O véio José (era tirrível..)

(probleminhas com a formatação)

Parte I









    Ele (o véio) nasceu por 1870 em algum lugar do q hoje eh o Alemánia (não existia Alemanha naquela época). A mãe dele morreu cedo e veio a madrasta. Ela era diaba como nos contos de Grimm e ele fugiu de casa com 12 anos. Não sei o  que ele fez no meio tempo (pelo q eu sei ninguém sabe), mas quando deu início a primeira guerra ele era do exército da Prússia. Terminada a guerra ele, que era chegado num rabo de saia, se encantou com uma certa fraulein, que era apaixonada por um professor. O véio José(nessa época ainda jovem), apareceu no povoado dela com uma bela charrete puxada por um ou dois cavalos pretos de pelo lustroso que, embora já existissem veículos a motor na época, equivaliam ao brilho no olho que causa o Porsche dos dias de hoje. A família e amigos da moça fizeram a cabeça dela pra ficar com José, pq era um partidão. José, ainda, era sedutor e ganhou a moça. O que ele tinha de sedutor tinha de salafrário: os bens eram hipotecados. Na época divórcio era absurdo, então tudo ok (pro véio José).










    A coisa tava ruim no Alemanha (no pós 1a. guerra acho q já era Alemanha): as fronteiras passaram a guerra toda indo e vindo, as mulheres, digamos, não sendo tratadas como damas pelo exército inimigo, inflação bizonha, as terras de posse há gerações não pertenciam mais a ninguém e ninguém tava lá pra dizer o contrário (sem governo), etc. Véio José e fraulein entraram num navio que com destino incerto (obs.: ninguém sai de casa pra um navio com destino incerto por qualquer motivo). O navio veio pro Brasil, e foi uma das últimas remessas de gente saídas daquela região dum período de uns 40 anos de migração (aquele era um povo sem auto-estima 




(apesar de Einstein, Mozart, Bach, Bohr, Von Neumann, Beethoven, etc.), 



desunido e desgraçado. Mas logo depois da 1a. grande guerra veio um certo Adolph que reunificou o Alemanha e restaurou a Sua auto-estima e estabilidade, às custas de algumas milhões de vidas semitas, e essa migração cessou. Depois ele alucionou e, graças à Deus e aos Russos, cagou tudo em Stalingrado: a balança pendeu violentamente pro outro lado. Tu vê q tudo tem seu lado bom. Além disso eles fizeram o Fusca e a Porsche)









Parte II

    Véio José e fraulein foram parar nessa cidade do sul das américas chamada Porto Alegre (RS, Brasil), sem um tostão. De alguma maneira (gente competente) colocaram uma pensão na rua Barros Cassal esquina com a avenida Farrapos. Hoje é zona de prostituição, mas na época era o centro pulsante da cidade, muito perto da rodoviária. Enquanto a fraulein dava duro, o véio José comia todas os seres humanos do sexo feminino que passavam pela pensão. Teve filhos (oficiais) com a fraulein
    A história do véio José fica por aqui (mas pode ser retomada qquer hora dessas). Um dos filhos dele se chamava Oswaldo Ewaldo, e buscava na rodoviária a alemoada (que não falava português) que vinha pra cidade Buscar. Oswaldo, formado em química, se casou com uma moça (fraulein Anna Louise Martha Renner, cuja história eh outra incrível) e fundou uma fábrica de inseticidas. Fez bastantes dinherrinhas $-D , e teve 4 filhos. Eram empreendedores alemães na época da ditadura militar no Brasil, e portanto inimigos do Estado. Devia ser bem difícil. Um dos 4 filhos, hippie rebelde surfista que gostava de Rolling Stones e Pink Floyd, conheceu linda mulher/menina flor doce, mestiça de índios, espanhóis e portugueses, neta ou bisneta de um homem duro chamado Borges que governou o Estado do Rio Grande do Sul por longo período no início do século passado, com punho de aço e postura, em momentos, moralmente questionável. Era, portanto, a família da moça, altamente ligada ao Estado. Basicamente criados para servi-Lo. Longos debates acalorados se davam entre o hippie filho de Oswaldo Ewaldo e neto do nosso véio José e dois dos seis irmãos de sua flor doce. Era basicamente uma discussão sobre os papéis do cidadão e do Estado. Veja bem: o hippie foi criado com o Estado como inimigo; os irmãos da doce flor foram criados para servir o Estado. Envolvendo orgulho, vaidades, vinho, baseados y ché outras cositas más, as discussões terminavam em brigas. Esses dois jovens apaixonados tiveram um casal de filhos: a menina, hoje com 28 anos passou os últimos 10 anos em odisséia pelo globo terrestre, e finalmente no dia 20 deste mês volta pra casa, com o Futuro pela frente. O rapaz, hoje com 26 anos, escreve estas palavras que lêes, e fica pensando exatamente o que pretende com esse texto.


Epílogo










    O véio José era tirrível. Morreu em 1956 acho com quase 90 anos ou mais (naquela época eh quase um Matusalém). Oswaldo Ewaldo não sei ao certo, tenho q perguntar pra minha vó (antiga fraulein Anna Louise Martha Renner e atual frau Anna Louise Martha Streibel). O filho hippie, Martin Streibel parou com a loucura externa e mantém-a para si atualmente, e só toma um vinhozinho de vez em quando, ouvindo Jazz com a doce flor. Ele é fotógrafo, artista plástico, dono de pousadas em SC e em breve abre uma livraria aqui em Porto Alegre. Sua doce flor, Carlinda Saldanha, conhecida desde o berço por Joinha, ou Jó pra abreviar, faz correção de livros pra inúmeros clientes que vêm até ela por indicação fiel dos tempos em que trabalhou na L&PM editora. O ex-hippie e os irmãos da linda flor continuam com as discussões, ainda que tenham aprendido a parar quando a coisa esquenta (exceto quando tem vinho na mesa). De um jeito ou de outro no final eles se abraçam e se amam. Well... E o tempo não pára.