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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Áveres

Outro dia, numa segunda-feira de crise existencial na qual eu tava numas de fugir (não de casa, de mim) eu fui, aproveitando o início de semestre descompromissado, até a beira do rio lá em Ipanema, zona sul daqui de Porto Alegre. Deitei num banco na sombra de uma árvore fiquei olhando pra cima. O céu tava azul com nuvens dessas de frio, que são bem definidas e leves e tinha sol e muito vento. A mi me gusta. Bom, tinha pássaros voando. E uns pedaços de plástico pendurados na árvore, lixo do rio. Estava eu em crise nesta situação, sem responsabilidades urgentes (só uminha..), curtindo a situação, do vento frio do rio, do barulho da água, do sol, dos pássaros, do plástico na árvore. Realmente tocante tudo, cada um à sua maneira de forma integrada, com excessão do plástico. Daí eu me dei conta duma coisa, que eu tenho uma dificuldade em aceitar que tudo isso, toda essa beleza natural e simples (com excessão do plástico) possa realmente ser uma coisa bonita e agradável, que exista conforto nisso tudo. Eu tava me recusando a aceitar isso, acreditando que essa beleza era uma criação da minha cabeça devido às incontáveis horas de filmes hollywoodianos na minha cabeça, e que aquilo tudo no fundo era de plástico e portanto a graça que eu via ali só podia ser ilusória.

Tosco. O que me aliviou a alma foi me dar conta que na verdade o que acontece é exatamente o contrário, óbvio, porra! Não são os filmes que criam essas coisas, são essas coisas que dão vida pros filmes, siiimples.

Mas não duvido que mundo ocidental(izado) à fora muita gente produto da mídia com a sigla TV (na falta de um símbolo melhor, mesmo pq estamos na era da mídia digital dialógica, e a TV é um monólogo, mas fica pra ilustrar) tatuado na testa e que procura tornar sua vida um filme ou romance tosco (cinderelas e peter-pans, eu débil incluído?) deva ver nessas coisas lindas da natureza nada mais que a oportunidade de se colocar na cena de um filme, em primeira-mão, e não de fato admirar a simplicidade com que Deus se manifesta em todas as coisas. Foi mal a frase longa, mas eu n vo reescrever ela. Voltando: talvez esse seja um dos motivos pelo qual tanta gente entenda Deus como uma coisa pra ser ou não acreditada, e não como essa coisa presente em tudo em que se possa ver beleza, nos puxando constantemente pra cima. Sobre Deus: a mim não faz sentido que exista a discussão de existe/não existe, a discussão coerente deveria girar mais em torno de "do que diabos estamos falando?".

Deus é um cara misterioso.

A crise não passou, mas pelo menos é um questionamento a menos na minha busca pessoal por alguma coisa q eu não sei o que eh mas que provavelmente sou eu.

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